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"Dionisio Neto como autor é o melhor da dramaturgia brasileira depois de Nelson Rodrigues e Plínio Marcos e é um dos maiores atores de sua geração."


Antunes Filho - diretor de teatro

 

"Dionisio Neto é um dos maiores atores de sua geração e escrevo com alegria para ele."

 

Walcyr Carrasco - autor - UOL

 

"FODA."

Nando Reis, sobre a atuação de Dionisio Neto como Ricardo III

 

"O único trabalho atual no teatro brasileiro que tem a inquietação dos artistas dos anos 60 é o de Dionisio Neto."

José Celso Martinez Corrêa

 

 

críticas da primeira montagem de “Perpétua” (1995)

 

“É poesia do início ao fim. Dionisio Neto é a grande promessa de sua geração: como autor é tão interessante quanto Nelson Rodrigues e Plínio Marcos”
 

Antunes Filho – TV Bandeirantes

 

“Perpétua, de um jovem Dionisio Neto, pode até começar sem público, mas em um mês estará lotado. Por quê? Esse espetáculo instiga. Não é dessas pecinhas imbecis, irrelevantes e pré-digeridas que andam por aí.”
 

 Gerald Thomas – O Globo

 

“Perpétua se revela cômica e cortante - ri de si mesmo, expõe o ridículo e o constrangimento de suas obsessões. Faz citações e não apenas aparenta entender do que fala como consegue distanciar-se para rir de si mesmo, o que torna mais cortante a apresentação, quando entra pela tragédia. Não é um intelectual, mas um poeta, o que Dionisio de fato é.”
                                                                                                                                                             

Nelson de Sá – Folha de S. Paulo

 

“Violência, humor, sensualidade, em peça poética do novo dramaturgo Dionisio Neto.”
 

Nelson de Sá – Guia da Folha

 

 

“Talento jovem para surpreender – Perpétua desacortina a presença de um dramaturgo inquieto, que escreve com inteligência e vivacidade, sem medo de aliar ao mesmo texto doses iguais de histórias em quadrinhos e filosofia. O mundo imaginário de Dionisio Neto certamente ainda vai nos trazer mais surpresas.”

Dionisio Neto é um ator de explosivo talento. Bicho de teatro, ele reage a cada nova motivação com visceralidade física e emocional. É um nome a ser acompanhado com atenção, que vai deixar sua marca no teatro brasileiro. Perpétua não pode ser perdido por quem gosta de ver talentos no nascedouro.”
 

Alberto Guzik – Jornal da Tarde

 

“Jovem autor mostra texto inteligente – “O texto, habilmente construído, com inteligente trama, fino humor, surpreende pela originalidade, pela intensa teatralidade. Dionisio Neto revela excepcional presença cênica e corporal.”

 

Diário Popular

 

“...é Dionisio quem rouba a cena. É um ator de presença absurda no palco, capaz de seduzir e atordoar a platéia com cada palavra, cada gesto. O textos tem momentos engraçadíssimos e rompantes de criatividade.”
 

Mariângela Guimarães – Gazeta do Povo (Curitiba)

 

“Dionisio Neto é player absoluto.”
 

José Celso Martinez Corrêa (Programa de “Ham-let”)

 

críticas de “Opus Profundum”

 

“Yearning for attention from behind the scenes.”
“Chamando atenção desde os bastidores.”
THE NEW YORK TIMES
Sobre OPUS PROFUNDUM, de Dionisio Neto em Nova Iorque.

 

“Estamos de volta ao Teatro.”
 

José Celso Martinez Corrêa

 

“...um dos mais belos espetáculos da história do Festival (de Curitiba)...
A peça é um esforço corajoso de diálogo com o espírito e a arte dos anos de maior influência na cultura contemporânea brasileira, os 60. Corajoso porque acredita, apesar de afirmar explicitamente o contrário, que existe o novo. Expõe o novo, em contraposição e soma.
Faz conversarem a poesia do rap e outras músicas, não temendo o romantismo, com a poesia do palco, reanimando o teatro e fazendo com que deixe o gueto em que está, em especial no Brasil, para reencontrar a realidade.
A multimídia de “Opus Profundum” acumula camadas, coisas acontecem entrecruzando-se sem linearidade clara, como na própria construção dos diálogos. Um barroquismo que remete ao ‘Rei da vela”, assim como a musicalidade remete a “Roda viva”, referência dos anos 60.
Em referências cifradas ao próprio Dionisio Neto, a peça apresenta três personagens urbanos, um “fotógrafo podrera”, um “ator de fama internacional”, e um “vai-saber-o-quê”, feito pelo próprio autor, em interpretação fulgurante: tomado, sensual, alegre, agressivo.
É o melhor dos três solilóquios...”
 

Nelson de Sá – Folha de S. Paulo

 

“Juntar dança, banda tocando jazz rap ao vivo, vídeo interagindo com o palco, e referências da cultura pop (Darth Vader, Smashing Pumpkings, internet) é uma grande saída para combater o marasmo do teatrão tradicional. E foi isso que o autor/ator Dionisio Neto imprimiu para amarrar três monólogos e fazer seu Opus profundum soar tão diferente do que o Festival de Teatro de Curitiba normalmente apresenta.
Dionisio conseguiu o quase impossível para o público curitibano. Despertou reações de forte teor emocional.
... Dionisio merece entrar prá história.”
 

Abonico R. Smith – Gazeta do Povo (Curitiba)

 

“****(ótimo) Opus Profundum reúne quase 30 artistas para interpretar, cantar, declamar, tocar, dançar, criar em computador, vídeo, no

espetáculo que conseguiu ser idolatrado na Jornada Sesc de Teatro. Um teatro sem igual, nos 90.”

 

Guia da Folha

 


crítica de “Os reis do iê-iê-iê” – de Gerald Thomas

 

“Dionisio Neto volta à cena para “matar” outra vez Gerald Thomas, em clonagem até da própria morte. Tem o texto mais tocante, para ficar no campo da “sinceridade”, mais “verdadeiro”, não à toa, dele mesmo, ainda que guiado pelo seu diretor/autor.
Grita Chapman/Dionisio, “se Deus não existe, meus amigos, tudo é permitido”, e corre a atirar em Lennon/Thomas, supostamente para salvá-lo de sua própria pieguice, aliás, bem expressa na peça.”

 

Nelson de Sá – Folha de S. Paulo

 

crítica de “As 3 irmãs”, de Tchecov, por Bia Lessa

 

“O ator Dionisio Neto é quem mais procura dar sentido a seu personagem, como Kuliguin, o humilhado marido Macha.”
 

Bárbara Heliodora – O Globo

 

críticas de “ANTIGA”


”Em Perpétua, sucesso da temporada de 96, Dionisio Neto já evidenciava suas qualidades de dramaturgo, encenador e ator, mostrando um texto que surpreendia pela originalidade e pela intensa teatralidade. Sua nova montagem, Antiga, acentua e aprofunda as qualidades reconhecidas anteriormente, tanto pelo público quanto pela crítica, e surpreende pelo nível da encenação e pela força do texto...
... Há cenas de grande efeito plástico com perfeito desempenho de Dionisio Neo, em iluminada atuação.”
 

Agnaldo Ribeiro da Cunha – Diário de São Paulo

 

“Há cinco anos, com a “trilogia do rebento” Dionisio se impunha como esperança de sua geração, Ator endossado pelos maiores diretores da safra anterior – Antunes filho, Gerald Thomas, José Celso Martinez Correia – soube igualmente fazer com que se escutasse sua prosa torrencial.”
 

SÉRGIO SÁLVIA COELHO – FOLHA DE SÃO PAULO

 

“ VEJA RECOMENDA - Diferentes linguagens fundem-se em novo espetáculo de Dionisio Neto. Há uma banda de rock ao vivo, grafites, vídeos, quatro espaços cênicos e deslumbrantes figurinos e Reinaldo Lourenço (indicado ao prêmio Shell 2001). Os atores constroem com gosto um espetáculo de apelo sensorial tocante.”

 

Veja São Paulo

 

“Ataque dionisíaco às elites de São Paulo... Dionísio Neto desafia elite paulista com “Antiga”... A mistura de linguagens, como nas anteriores, também marca o novo espetáculo, que possui cenas em vídeo digital e brinca com a moda a partir de figurinos criados pelo estilista Reinaldo Lourenço, que faz sua primeira incursão no teatro.”
RENI TOGNONI – GLOBO.COM

 

“Antiga”, de Dionísio Neto, investe em estrutura próxima ao do romance para contar a saga de personagens amorais...
... o elenco dá conta do recado e a parte visual impressiona muito bem.
MARIA LÚCIA CANDEIAS, GAZETA MERCANTIL.

...é o mais puro creme da modernidade.
 

CHRIS MELLO – JORNAL DA TARDE

 

Manto barroco veste enredo de Antiga. Encenação com texto de Dionisio Neto tem imagens de vídeo e som de banda de garagem... Dionísio Neto, o mesmo autor de “Perpétua”, “Opus Profundum” e “Desembestai”, um dos nomes promissores da dramaturgia brasileira contemporânea.
 

MARICI SALOMÃO – O ESTADO DE SÃO PAULO

 

 

“Antiga” põe na arena luta com aparências. Dionísio Neto é autor, diretor e autor na peça com profusão de elementos de impacto sensorial. A liberdade das articulações entre o discurso verbal e a imagem, a profusão de elementos de impacto sensorial, a forte presença dos intépretes que não submergem no aparato cenográfico e se mantém sempre visíveis, com muito vigor, à frente da dinâmica do espetáculo, fazem com que o teatro não seja contrafação, mas uma aventura “real” através do falso.
 

MARIÂNGELA ALVES DE LIMA – O ESTADO DE SÃO PAULO

 

 

crítica “O DIA MAIS FELIZ DA SUA VIDA”

 

“Comparado ao francês Bernard-marie Koltes pela criaçao de “peças-paisagens” urbanas, ao americano Sam Shepard pelos monólogos inflados de influência musical, aos ingleses Sarah Kane e Mark Ravenhill pelas perversidades temáticas de todos os gêneros, Dionisio se alia aos brasileiros Fernando Bonassi e Pedro Vicente no impulso de expor a violência de modo casual e na estrutura dramática que incorpora recursos de cena e atuação, resultado da prática eclética de dramaturgo, ator e diretor em “Perpétua” e “Opus Profundum”. No texto da Mostra, compõe uma dramaturgia de DJ em que proliferam vozes heterogêneas...”
 

Silvia Fernandes – FOLHA DE S. PAULO

 

“Dionísio Neto, em O Dia Mais Feliz de Sua Vida, prossegue como autor instigante e original. Recorre a tipos populares para falar desse cotidiano urbano trepidante que vivemos hoje e realça nos personagens o ridículo e os exageros próprios dos estereótipos. A feliz direção de Márcia Abujamra explorou ao máximo a comicidade do texto, e coloca o espetáculo no ritmo moderno e frenético imaginado pelo autor. A cumplicidade do público com a peça é total.”
 

Aguinaldo Ribeiro da Cunha – Diário de S. Paulo

 

 

CRÍTICA DE DESCONHECIDOS POR IVAN FEIJÓ
 

Desconhecidos
Costumo enquadrar Dionísio Neto com Mark Ravenhill, de "Shopping and Fucking", ou Martin McDonagh, de "The Beauty Queen of Leenane", naqueles meados dos anos 90 de redescoberta da dramaturgia por EUA e Europa e também por aqui. "Opus Profundum" e "Perpétua" eram peças que contavam histórias, como aquelas duas inglesas e outras. Mais até, que paravam tudo, cortavam a linha da narrativa, para anunciar uma história, que então contavam. Era, paradoxalmente, um tapa na cara da não-linearidade, uma das normas então do modernismo ou pós-modernismo
tornado canônico. Eram assim também os diálogos de Quentin Tarantino, nos seus primeiros roteiros para cinema, e os primeiros contos de Irvine Welsh. Agora, passado tanto tempo, Dionísio ou seu personagem em "Desconhecidos", em cartaz no Sesc Consolação, até ameaça contar uma "história", pergunta se a personagem de Simona Queiroz não quer ouvir. Mas ela não demonstra o menor interesse, ele mesmo pouco se importa e a peça segue sem história-dentro-da-história, ao menos como narração. Esse aparente abandono de um certo vício metalinguístico não é obviamente a única diferença, na dramaturgia de Dionísio. Como ele já havia evidenciado em "Os Dois Lados da Rua Augusta", intervenção urbana que realizou também com Ivan Feijó no ano passado, a ironia cortante e tantas vezes arrogante de antes deu lugar ao humor mais desabrido, popular. E muitas vezes voltado contra si mesmo. Em "Desconhecidos", como indica o humor retratado por Lenise Pinheiro aqui mesmo no blog, ele chega a contar piadas, em diálogo com o público, como um stand-up que expõe a cena teatral do eixo Rio-São Paulo, mas, em especial, que expõe a si mesmo, até fisicamente, seus erros, fracassos, meias certezas. Disse que não havia história-dentro-da-história, mas "Desconhecidos" é integralmente, na verdade, uma peça-dentro-da-peça-dentro-da-peça. É introduzida aparentemente pelo próprio autor, que depois ressurge como um ator de televisão casado com uma atriz de teatro, passando-se por fim à cena teatral de um assassino e sua vítima. Com direito, ainda, ao delírio do assassino e a introdução de um último e mais arquetípico personagem. No amontoado cênico resultante, um porto seguro, de empatia crescente ao longo da apresentação, é Simona Queiroz. Nas encenações de Ivan Feijó e nas personagens criadas por Dionísio, no que acompanhei até hoje, as atrizes ou suas personagens surgem sempre tocantes, belas, avassaladoras, mas também frágeis e quebradiças. Como em Chico Buarque, por vezes.

 

Escrito por Nelson de Sá às 08h20

 


CRÍTICA DE OS DOIS LADOS DA RUA AUGUSTA POR IVAN FEIJÓ

 

Na rua Augusta
Acabo de chegar do ensaio de “Os Dois Lados da Rua Augusta”, de Dionísio Neto. Foi até meio da madrugada, três da manhã, terminando no lado da Augusta das prostitutas de rua e dos hotéis baratos.
Dionísio é o mesmo, no melhor sentido. O talento que se deixou vislumbrar pela primeira vez em “Perpétua”, na mesma esquina da Augusta com Estados Unidos de onde parte o ônibus da nova peça, é o mesmo. E com ganhos em ironia e humor.
É um “natural”, parece que nasceu para escrever teatro, como Plínio Marcos, que, porém, pouco ou nada tem a ver com ele. Quando Dionísio mostrou “Opus Profundum” na Jornada Sesc, um dos únicos eventos voltados para a nova dramaturgia que presenciei em décadas, seus solilóquios desabridos anunciavam um autor maior, afinal. Se bem me lembro, foi também a sensação de Antonio Araújo, então na comissão da Jornada.
Mas ele se perdeu não muito depois, tornado encenador, destino comum de dramaturgos por aqui _quer dizer, montar os próprios textos, por não ter alternativa.
O que mais impressiona, novamente agora, são os solilóquios em que os personagens se apresentam, se expõem, em especial os femininos. Já era assim antes. Desta vez, são premiadas as atrizes Jeyne Stakflett, sobretudo ela, e Luciana Brittes, que ficou com a vaga de Djin Sganzerla.
As duas vivem, respectivamente, China Vegas e Rosa Paulista, alguns dos personagens alegóricos de Dionísio. Alegorias à maneira do teatro colonial, da Contra Reforma, dos cortejos que integravam São Paulo, Rio, Salvador nos primeiros séculos. São representações de ruas, bares, galerias da Augusta, inclusive uma personagem que é a própria rua.
A curiosidade é que, na metrópole decadante e cosmopolita, as alegorias remetem também ao pop, aos seriados japoneses de televisão, por exemplo, de Power Rangers e Dragonball Z em diante.
Mas era um ensaio, mais até, um ensaio técnico _e sobraram problemas de som, luz, com o ônibus, até com as locações. No momento de uma cena na calçada do Conjunto Nacional, a produção descobriu que ela havia sido vetada.
Ainda assim, foi possível testemunhar o envolvimento ao longo da rua, até a Guimarães Rosa, como repete o texto. Estimuladas por um coro que atuou no caminho, correndo junto com os atores que se revezavam nas cenas do corredor, as calçadas reagiam em festa _amistosamente e, por vezes, nem tanto.
Assim passaram marcos de São Paulo, da galeria Ourofino ao horrendo Minhocão, em acúmulo de sensações semelhantes às de “BR3”, não pelo impacto, mas pelo outro ângulo que se tinha de São Paulo. Resultado também do fomento, lei paulistana de “tamanha glória”, como Dionísio celebra no programa da peça.
Mas avanço demais. "Os Dois Lados da Rua Augusta" só estréia amanhã e só para 35 pessoas, com reserva por e-mail. E só para quatro apresentações. Eu torço para que o autor, o diretor Ivan Feijó, o mesmo de "A Boa", de Aimar Labaki, e o elenco estejam blefando.

 

Escrito por Nelson de Sá às 02h37

"Olerê!Olará!" Peça joga com clichês e renova referências

 

LUIZ FERNANDO RAMOS CRÍTICO DA FOLHA O espaço cênico é o de um bar, O Inflamável, estreito e com um pequeno palco ao fundo. É a sede da Cia. Satélite, de Dionisio Neto, e abriga o espetáculo "Olerê! Olará!", escrito e encenado por ele. O subtítulo, "Samba-Cabaré", sugere uma mixagem, na linha de outras experimentadas por Neto, como a de "Opus Profundum", de 1996, que se pretendia uma "peça festa manifesto show". No caso aqui, combinam-se o ambiente do cabaré, os códigos da revista e a MPB mais sofisticada para um diálogo com o teatro contemporâneo. O teatro de cabaré é uma forma europeia com mais de cem anos que sempre reaparece como alternativa de transgressão. Está no fio da navalha entre a alta e a baixa culturas, e o espetáculo flerta com ambas. O teatro de revista presta-se maravilhosamente à proposta, com sua estrutura de show de atrações. A cena de abertura já revela o melhor do espetáculo, que é o desenho rigoroso dos gestos e movimentos das "neovedetes", numa retomada, em chave formalista, da sintaxe dos corpos da revista. Repaginadas no universo do pop, as vedetes ainda encarnam alegorias, mas adquirem um tom enigmático. Nessa mistura de gêneros populares reapropriados com intenções contemporâneas, cabe também uma forte referência à televisão. Quem costura as cenas nos dois atos é Milanta Plus, uma típica apresentadora do meio carregada pelo ator Jota Marcelo. O fato de a personagem hesitar de forma tosca em suas falas favorece o arquétipo, mas dificulta a tradicional missão do "compère" de fazer o público gargalhar. Talvez seja a estranheza do tratamento hiperestético. Como convém aos gêneros que reúne, o espetáculo é feito de performances
irregulares, que variam conforme a força das atrizes e dos atores. Cada uma das "neovedetes" tem a sua vez. Algumas fazem mais de um número, e todas dobram como coristas no solo das outras. Os destaques são para Giovanna Velasco, seja como o Teatro de Revista, seja como Lulu Chuva de Prata. Mayana Neiva também revela personalidade como Carmem Rosa, e Maíra Dvorek brilha como Lisa Eu e Tu. Os solos são feitos ora de prosa poética estranha aos textos habituais da revista, ora com canções cult da MPB, o que deixa o pretendido "samba-cabaré" bem longe do entusiasmo da chanchada ou da grande revista brasileira. O trio Cha Cha Cha, como uma antibanda carnavalesca, com percussão, violão e teclado, garante o tom menor do espetáculo. Fundamentais, também, os figurinos de Fábio Namatame, que dão o brilho e a elegância imprescindíveis às divas. Nem todas conseguem cantar à altura do que vestem, nem tampouco o texto de Dionisio Neto mantém sempre a força de alguns momentos inspirados. Mas, no geral, o espetáculo acaba fascinando pela inventividade e por remar contra a maré de expectativas que cercam os gêneros visitados. Sem fugir de nenhum de seus clichês, joga com eles criativamente e renova suas referências embaralhando-as. É puro teatro contemporâneo disfarçado de cabaré, e cabaré disfarçado de teatro de revista.
OLERÊ! OLARÁ! Quando: sáb., às 20h, dom., às 19h; até junho Onde: Sede Satélite (r. Maria Borba, 87, Vila Buarque, tel. 2533-8543) Quanto: R$ 20 Classificação: não indicada a menores de 12 anos Avaliação: ótimo

 

Olerê! Olará!
Passa o tempo e os solilóquios de Dionísio Neto, entremeados às suas narrativas, não perdem a força. Desde "Opus Profundum", eles são a prova dos nove de seu alcance como dramaturgo _e uma singularidade artística inusitada nestas praias.
"Olerê! Olará!", que evoca de modo tão consciente e aprofundado o teatro de revista, ainda lembra mais, ao menos para mim, aquela primeira e explosiva criação musical que aproximou teatro de hip-hop e da cena eletrônica.
Como antes, nem tudo neste novo espetáculo dá liga, mas o que dá enche de prazer os sentidos todos. E são pelo menos três descobertas no palco deste novo O Inflamável, "cabaré" em plena boca do luxo, mas a duas quadras do colo do Centro de Pesquisa Teatral de Antunes Filho.
 

por Nelson de Sá – Blog CACILDA – FOLHA DE S. PAULO

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